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Precisamos falar sobre sexismo e abusos no mercado cervejeiro!

Na última semana, o mercado cervejeiro foi inundado com mais uma exposição de casos de sexismo e assédio, dessa vez do mercado norte-americano.

Sempre que um acontecimento assim vem à tona, apesar de chocante, não é exatamente surpreendente, afinal, é lamentavelmente recorrente que os assuntos “sexismo, assédio e abuso” em diferentes frentes, também sejam relatados e reportados nos bastidores de eventos e empresas do mercado cervejeiro.

Não completou um ano do episódio que revelou um grupo composto por homens, até então importantes, da cena cervejeira nacional, que através do aplicativo WhatsApp, trocavam mensagens repletas de discursos racistas, machistas, homofóbicos e abusivos.

Uma rápida pesquisa na internet aponta que o número de casos de abusos e assédio corporativos e domésticos só crescem nos últimos anos. Isso se torna ainda mais assustador se considerarmos nesse contexto, o universo de mulheres que não chegam a formalizar uma denúncia por medo, pressão e até mesmo dependência financeira e/ou emocional de seus agressores.

E agora no mês de maio, nos Estados Unidos, uma simples caixa de perguntas na conta pessoal do Instagram da cervejeira Brienne Allan (que atende pelo nome de @ratmagnet), pedindo para que mulheres compartilhassem suas experiências com sexismo na indústria cervejeira, foi o estopim para a explosão de uma bomba. Para o espanto de Brienne, muitas histórias de assédio sexual e moral, denúncias de cervejarias com cultura de trabalho tóxicas e abusos das mais diversas grandezas foram compartilhadas por milhares (sim, milhares!) de mulheres.

Donos de grandes cervejarias renomadas e premiadas não foram poupados e nomes como Shaun Hill, fundador e cervejeiro da Hill Farmstead; Jean Broillet, cofundador da Tired Hands Brewing; Jacob McKean, fundador da Modern Times, bem como Lord Hobo Brewing Company, Union Beer Distributors, BrewDog e muitos outros foram citados, seja como autores de assédio e agressão ou simplesmente coniventes de uma cultura abusiva em suas respectivas empresas.

O assédio moral sempre esteve presente nas relações de trabalho, ao que tudo indica, a crise financeira e as mudanças no ambiente de trabalho ocasionadas pela pandemia Covid-19 só agravou esses abusos.

O trabalho remoto não foi capaz de minimizar por muito tempo os desvios de conduta e infelizmente, os ofensores também se adaptaram ao chamado “novo normal”. Segundo dados levantados pela ICTS Protiviti, consultoria de gestão de riscos, que administra canais de denúncias em companhias de diversos portes e segmentos no Brasil, metade das denúncias registradas em 2020 nas companhias pesquisadas, foram associadas a relacionamentos interpessoais, sendo que 21,4% do total são identificadas como assédio moral e sexual, que continuou acontecendo, só que de maneira virtual, através das câmeras durante as jornadas home-office.

Ainda sobre assédio sexual no trabalho, de acordo com os dados compilados pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho), mais de 26 mil pessoas entraram na Justiça entre janeiro de 2015 e janeiro de 2021.

No último sábado, dia 15 de maio, completou vinte anos desde que o termo assédio sexual passou a constar no Código Penal como crime: "constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, usando condição de superioridade", já tem pena prevista de um a dois anos de detenção.

Apesar disso, o que vemos ocorrer quando casos semelhantes são relatados, é quase sempre tentativas do mercado e do sistema machista e patriarcal em que vivemos, de invalidar e silenciar essas denúncias. Diante de tanta opressão, fica cada vez mais difícil para que as mulheres hasteiem suas vozes para delatar seus agressores e abusadores.

O objetivo desse texto é primeiramente mostrar apoio a todas aquelas que em algum momento se sentiram enfraquecidas diante de algum tipo de comportamento opressor e ainda afirmar: VOCÊS NÃO ESTÃO SOZINHAS!

Como uma instituição composta majoritariamente por mulheres, o Science of Beer se solidariza com a pauta e com todas aquelas que sofreram ou sofrem qualquer tipo de abuso moral ou sexual ou que ainda estejam em empresas que compactuem com pensamentos misóginos, machistas e abusivos.

 

INFORMAÇÕES ÚTEIS:

 

A quem denunciar assédio sexual no trabalho?

Se a empresa for grande, fale nos espaços de confiança da empresa: denuncie no RH, na ouvidoria ou nas urnas de sugestão.

Se sua empresa for de porte menor ou ainda você não se sentir segura em denunciar por lá: procure por Delegacia da Mulher │ Sindicatos ou Associações │ Gerência da Superintendência do Trabalho │ Ministério Público do Trabalho da sua localidade │ Defensoria Pública.

 

 Delegacia da Mulher 

As "delegacias da mulher" existem para atender vítimas de violência doméstica de acordo com a Lei Maria da Penha. Apesar do nome, a Delegacia da Mulher nem sempre atende qualquer crime que tenha ocorrido contra uma mulher. Em alguns estados, como São Paulo, de fato investigam toda violação de direitos das mulheres, mas em outros, as delegacias especializadas focam apenas nos crimes previstos na lei Maria da Penha, como violência doméstica, além de casos de crimes contra a dignidade sexual e feminicídio.

 Todas as delegacias da mulher presentes no Brasil, conforme informado pelos governos estaduais, podem ser encontradas no mapa a seguir. Acesse: bit.ly/mapa-delegacia-da-mulher

 

Ainda tem dúvidas de onde denunciar?

Conheça uma cartilha sobre assédio sexual no trabalho. Acesse: bit.ly/cartilha-assedio-sexual-no-trabalho

 

Mapa do Acolhimento

Rede de solidariedade que conecta mulheres que sofrem ou sofreram violência de gênero. Aqui tem um time de psicólogas e advogadas dispostas a ajudar de forma voluntária. Acesse: https://www.mapadoacolhimento.org/#block-9888

 

Nós, do Science of Beer, estamos organizando uma rede de apoio para que as mulheres que sofrem assédios e abusos, dentro do mercado cervejeiro se sintam protegidas, acolhidas e possam expressar suas denúncias de forma contundente e respaldada. Podemos contar com você?


Você trabalha no mercado cervejeiro e precisa conversar com alguém sobre algum tipo de abuso que você está sofrendo?

Mande-nos um e-mail: info@scienceofbeer.com.br ou preencha esse formulário: bit.ly/formulario-rededeapoio

Lembre-se: Você não está sozinha. Conte com a gente!

Com carinho,

De todas a mulheres do Science of Beer Institute.